Já é comum a naturalização de jogadores por algumas seleções, especialmente de africanos para jogar em representações de países europeus. Quem não conhece pelo menos um jogador da seleção alemã que, na verdade, não nasceu na Alemanha? Ou um da seleção francesa? Fato é que isso virou "várzea", já tem jogador que escolhe sua seleção não mais pelo local de origem ou pelo afeto com a pátria para defendê-la nos gramados, mas pela melhor proposta que lhe for oferecida.
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Adnan Januzaj: cobiçado por clubes, e também por seleções |
O maior exemplo do "ápice" da naturalização no futebol é o jovem do Manchester United Adnan Januzaj, de 18 anos. Ele nasceu na Bélgica, tem pais albaneses com descendência kosovar. Kosovo declarou-se independente da Sérvia em 2008, mas isso não tira a possibilidade de uma naturalização de Januzaj para defender a Sérvia. Tem mais: Adnan tem avós turcos e mora desde 2011 na Inglaterra. Portanto, são 6 opções para o jovem. Provavelmente, a decisão dele ficará entre Bélgica e Inglaterra. Se escolher a seleção belga tem uma boa geração de jogadores, com Januzaj sendo mais um para ajudar a Bélgica em busca de um resultado histórico para o país na Copa de 2014 ou na Eurocopa de 2016. Se escolher a Inglaterra, poderá atuar apenas a partir de 2016, quando completará cinco anos vivendo no país, tempo mínimo para a naturalização por lá. Por isso, os ingleses fazem planos para o jogador ser um possível nome para a seleção na Copa de 2018. O pior de tudo isso é que o jogador ainda não se decidiu em qual seleção vai jogar, dando indícios de que irá aceitar a "melhor proposta".
Outro caso que está famoso é o do atacante Diego Costa. Destaque no Atlético de Madrid, o
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Diego Costa jogando pelo Brasil contra a Itália.
(não é montagem) |
brasileiro foi convidado a se naturalizar espanhol, para defender a Roja, que tem problemas em achar um centroavante. Diego fez toda a carreira na Europa, desde 2007 joga no futebol espanhol. Se sua história fosse apenas isso, uma naturalização até poderia ser aceita (tendo em vista os casos comuns de naturalização), o que complica a situação é que ele já foi convocado para jogar na Seleção Brasileira, mas não participou de nenhum jogo oficial. Fora isso, Diego está mais para um brasileiro vivendo na Espanha do que um brasileiro adotado pela pátria espanhola. Aí vem a principal questão: até que ponto é justa uma naturalização? Será que mesmo se o jogador não se identifica culturalmente com o país ele deve se naturalizar, apenas por ter uma chance na seleção do país?
Para exemplificar jogadores naturalizados que se identificam com a cultura do país que adotou, ficando apenas em brasileiros, temos o croata Eduardo da Silva, o ex-jogador Donato (que defendeu a Espanha de 1994 a 1996), Benny Feilhaber (que se mudou para os Estados Unidos aos 6 anos), Amauri (que ficou 10 anos na Itália até ser chamado pela Azzura, em 2010), o ex-jogador Ruy Ramos, Alex Santos, Marcus Túlio Tanaka (os três últimos aceitaram defender o Japão), Sinha (há 15 anos no México, foi convocado pela primeira vez em 2004), Marcos Aurélio (naturalizado turco, mudou o nome para Mehmet Aurélio), Marcos González (ficou dois anos no Brasil, quando se mudou para o Chile, o qual aceitou defender nos gramados) e o ex-jogador Deco.
Portanto, existem casos de jogadores que se naturalizam por ter carinho pelo país que quer defender (o que não vejo no caso do Diego Costa), somente assim naturalizações deveriam ser aceitas. O problema é saber, com certeza, quando um jogador está interessado em defender o país que o "adotou" ou em disputar uma competição importante, independente do país que representa. Está cada vez mais fácil trocar de país para jogar em uma seleção nacional, chegando a ser semelhante aos tempos de Mazzola/Altafini na década de 60, mas com muito menos romantismo.