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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Lesões de fim de festa

 Até que ponto pode-se dizer que o calendário do futebol europeu é o melhor? Sem dúvida a ideia e o planejamento dele são bons, mas será que o período dele é realmente a melhor coisa que se podia fazer? Toda Copa do Mundo é igual: dezenas de desfalques de jogadores para as seleções, após uma exigida temporada europeia. Muitos não conseguem chegar ao término dela clínica e fisicamente bons o suficientes para defender seus países. Alguns conseguem, mas não chegam totalmente aptos para a disputa do Mundial. 

Strootman sofreu lesão grave no joelho 
 Por enquanto, o Brasil está com sorte, pois ainda não perdeu jogadores, porém nem todos tiveram essa sorte. São mais de 15 jogadores que poderiam estar no Brasil, mas as lesões após a temporada europeia comprometeram suas situações. Nomes como Thiago Alcântara (Espanha), Steve Mandanda (França), Victor Valdés (Espanha), Kevin Strootman (Holanda), Bryan Oviedo (Costa Rica), Theo Walcott (Inglaterra), entre outros, não têm mais chances de recuperação até a Copa. A lista de dúvidas também é grande: Diego Costa (Espanha), Luis Suárez (Inglaterra), Falcao García (Colombia), Sami Khedira (Alemanha), Giuseppe Rossi (Itália), até mesmo Cristiano Ronaldo não é certeza. 

Zidane jogou
no sacrífio em 2002
 Pra não ficar só em 2014, citamos as Copas anteriores: em 2010, cerca de 19 jogadores ficaram de fora por contusão, incluindo Michael Essien (Gana), Obi Mikel (Nigéria), Michael Ballack (Alemanha), Rio Ferdinand, Michael Owen e David Beckham (Inglaterra). Em 2006, 11 seleções sofreram com lesões de seus jogadores, Michael Ballack chegou com um problema na panturrilha, mas conseguiu jogar a partir do 2° jogo, assim como o croata Olic, sorte que Cissé não teve, pois fraturou a tíbia e o perônio num amistoso preparatório. A própria campeã Itália chegou com dúvidas importantes, como Gattuso, Totti e Nesta. O Brasil também perdeu Edmílson naquela edição, com um menisco rompido. Em 2002, a França caiu na fase de grupos, muito porque Zidane estava com uma lesão na coxa e Robert Pires machucou o joelho e ficou de fora.

 Não quero dizer que o calendário brasileiro é melhor que o europeu, nem pensei nisso, mas é uma idiotice tamanha ter a principal competição de futebol do planeta no final da temporada de muitos dos jogadores que nela estão. Depois o jogador tira o pé no seu clube para durar mais e aí vem Mourinhos da vida reclamarem que o jogador faz corpo mole, ou vem Felipões dizerem pro jogador dar o máximo de si nos clubes para serem convocados. Ora, se o cara dar o máximo no clube, não irá aguentar praticar um mês a mais de futebol em alto nível, isso é humanamente impossível. Ainda mais no nível de exigência física que o esporte se encontra.

Platini (UEFA) e Blatter (FIFA) seguem a guerra (fria)
política, enquanto que o futebol segue o mesmo, sem melhorias
 
 "O que fazer então?" Primeiramente, tá na hora de paramos de babar no calendário europeu. Em seguida, ou a UEFA e seus membros batem o pé e peçam a alteração da época da Copa do Mundo, arcando com as consequências de Copas sendo disputadas no inverno do hemisfério Norte (imagina só isso na Rússia em 2018), ou a FIFA bate o pé e force a alteração das datas do calendário do futebol europeu, podendo pegar o meio da temporada dos clubes. Em meio a tal guerra de poderes fica o futebol, órfão de alguns jogadores que poderiam mostrar seu jogo no Mundial, só que lesões causadas no fim da temporada não deixam.     

  

sábado, 24 de maio de 2014

¡Diez!

 

 Quando Cristiano Ronaldo apareceu no jogo, já era tarde demais. Mesmo com o principal jogador do futebol mundial apagado (visivelmente sentindo problemas físicos), o Real Madrid conseguiu sua décima Champions League. Mas por muito pouco, cerca de dois minutos, Madri, Lisboa e toda a Europa não foi vermelha e branca. Isso porque Godín, aos 36 minutos do primeiro tempo, colocou o Atlético à frente, mesmo sem Diego Costa, substituído aos 9 minutos do jogo (não teve placenta de égua que ajudasse ele). 

Comemoração do gol de Bale
 Aliás, o desgaste físico dos colchoneros deu o tom da partida, principalmente na prorrogação. Ela veio depois de uma cabeçada fatal do zagueiro/artilheiro Sergio Ramos no meio do segundo minuto dos acréscimos da etapa final. Após 15 minutos, o tempo extra seguiu no empate, mas as pernas dos Colchoneros não aguentavam mais, um contra-ataque daqueles do Real desmontaria de vez o adversário. Foi o que aconteceu. Na primeira vez que Di María foi para cima do lesionado Juanfran, ele saiu cara-a-cara com Courtois, que fez grande defesa... a bola sobrou para Bale. Depois de perder três gols no tempo normal, o galês fez jus ao seu valor e enfim marcou um gol. O Atleti não tinha clima, nem fôlego para continuar o jogo.

Marcelo comemora seu gol
  Marcelo, que entrou bem no segundo tempo e fez o jogo começar a mudar de lado - não só da direita para a esquerda, como também do vermelho e branco pro merengue - mereceu marcar o dele. Já com os atleticanos nas cordas, ele se viu com todo o espaço na entrada da área para chutar rasteiro e ampliar. Não bastassem os 3 a 1, o juiz me dá um pênalti. A trajetória do Atlético na temporada não merecia terminar com uma goleada, seu Björn Kuipers deveria ter mais compaixão, mas tava faltando o dele, tava faltando ele. Cristiano Ronaldo pegou a bola e marcou o derradeiro gol da Champions League 2013-14, conquistada pelo Real depois de 12 anos. 

sexta-feira, 16 de maio de 2014

E agora, quem é o Brasil na Libertadores?

O Cruzeiro foi o último brasileiro na Libertadores

 De forma negativamente histórica, o Cruzeiro foi eliminado na Libertadores para o argentino San Lorenzo e decretou o fim da competição para o futebol brasileiro. Desde 1991, teve-se em todos os anos pelo menos um tupiniquim nas semifinais. Nos 23 anos, foram 12 Libertadores vencidas por clubes brasileiros. Mais que isso, desde 2010 só dava Brasil na conquista do título. E quando o futebol nacional é considerado muito superior ao disputado pelos vizinhos de América do Sul, eis que ocorre o maior vexame do esporte no século XXI.



 O vexame já tinha começado na fase de grupos. O inovador Atlético Paranaense demitiu o treinador que classificou a equipe no Brasileirão, Vágner Mancini, não renovou com seu principal jogador, Paulo Baier, e decidiu contratar o espanhol Miguel Ángel Portugal (sim, ele é espanhol), que treinou o Real Madrid...B. Todas as mudanças fizeram o Furacão perder força e ser eliminado por Vélez Sarsfield, da Argentina, e o boliviano The Strongest, que de forte não tem nada. Outra equipe, essa menos inovadora, o Botafogo, apostou no treinador da categoria de base e no atraso dos salários. Terminou em último do grupo, atrás inclusive do inexpressivo equatoriano Independiente del Valle. Pra encerrar, o rubro-negro campeão da Copa do Brasil, que ficou por um triz do rebaixamento, mas acreditou no sucesso da equipe, mesmo sem seu principal jogador, o volante Elias. Resultado: duas derrotas para o mexicano León, uma derrota e um empate para o Bolívar, terceira posição na classificação. E foram-se três já na primeira fase.


 Chegando nas oitavas-de-final, a soberba do futebol brasileiro fazia questão de acreditar em mais um título pintado de verde e amarelo acontecesse o que fosse. O Brasil se mal acostumou. Falava-se pouco de Bolívar, Defensor, Atlético Nacional, o qual deu um baile no atual campeão, Atlético Mineiro, que não teve horto que matasse o time colombiano. Falava-se pouco de Felipe Guedoz (brasileiro do Defensor), Gustavo Canales (artilheiro do Unión Española) e Ignacio Piatti, do San Lorenzo, que já havia eliminado o Botafogo, passou pelo Grêmio em Porto Alegre e deu uma lição de como se joga Libertadores para o Cruzeiro, o último dos brasileiros, nas quartas. 

 Os semifinalistas são o Nacional, do Paraguai, o Defensor Sporting, do Uruguai, o San Lorenzo, da Argentina, e o Bolívar, da Bolívia. Escolha uma equipe para torcer. Se preferir clubes centenários, mas secundários de seus países, tem três opções. Tanto Nacional, Defensor e San Lorenzo ocupam a mesma posição de coadjuvante em seus respectivos países. Já o Bolívar é a força surpreendente do futebol boliviano, nunca visto como importante na América. Estas são as opções para os brasileiros que não querem perder o costume de torcer. Quem não quiser, que vá ver um filme ou desligue a televisão, pois não haverá mais Brasil na Libertadores até a final, pra tristeza daquele narrador e daquela emissora. 

 A falsa certeza de que somos melhores, sem observar a vizinhança, custou caro, mais até que os jogadores contratados a peso de ouro pelos clubes brasileiros, mesmo estando eles longe de merecer o valor que recebem. Uma vez que estes foram pagos para certificar tal superioridade, mas perderam para equipes com folhas salariais bem menores. Dinheiro não é tudo, falta saber com o que gastar. Aí pecamos.           

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Madrid vs Madrid

 Do domínio na fase de grupos, passando por atropelamentos no início dos mata-matas, até chegar aos resultados surpreendentes das semifinais. Foram caminhos semelhantes, que terminaram no mesmo destino: o Estádio da Luz, em Lisboa. Pra garantir o tom histórico à partida, será a primeira final de Champions League disputada entre duas equipes da mesma cidade. O Real Madrid, maior campeão e em busca do 10° título da Liga, enfrentará o Atlético de Madrid, que retorna após 40 anos à decisão da maior competição europeia de clubes.
Atlético finalista de 1974
      Em 1974, o Atlético passou por Galatasaray, Dinamo Bucharest, Red Star Belgrado e Glasgow Celtic até encarar o Bayern de Munich, base da seleção campeã mundial no mesmo ano, com Franz Beckenbauer, Sepp Maier, Paul Breitner e Gerd Müller. Aí não deu. Mesmo assim, os colchoneros, entre eles o futuro técnico e saudoso Luis Aragonés, ficaram para a história da equipe. O técnico era o argentino Juan Carlos Lorenzo, mesma nacionalidade do atual treinador, Diego Simeone. O estilo que Cholo Simeone implantou na equipe desde sua chegada em 2011 foi comparado ao de equipes sul-americanas, com muita garra, marcação forte, contra-ataque e torcida fanática. 
Koke, Simeone, torcida, Diego Costa, Courtois
são alguns destaques da equipe do Atlético
 O time de Libertadores chegou à final da Champions League, após dominar o grupo G (Zenit, Porto e Austria Viena não tiveram chances), passar por cima do Milan (1 a 0 em Milão e 4 a 1 em Madri), ganhar na bola do Barcelona (1 a 1 em Barcelona e 1 a 0 em Madri) e de certa forma surpreender o Chelsea de José Mourinho em Londres, com um 3 a 1, depois de empatar sem gols em casa. O maior destaque do Atléti pode até ser Diego Costa, artilheiro da equipe no ano, mas não dá pra não falar do goleiro Courtois, do zagueiro Miranda, do meio-campo com Tiago, Koke, Gabi e Arda Turan, enfim... o grupo como um todo é o maior destaque, junto com sua torcida, típico de uma grande equipe da Libertadores.
Gol histórico de Zidane contra o Leverkusen
na final de 2002 
O Real atropelou o Bayern em Munique
 Do outro lado de Madri, o mais tradicional clube do mundo, mas que não chegava a uma final de Champions desde 2002, quando os Merengues tinham Hierro, Roberto Carlos, Makélélé, Figo, Zidane, Raúl e Morientes e derrotaram o Bayer Leverkusen por 2 a 1, com um gol histórico de Zidane. Em 2014, Zizou segue no Real, mas agora como auxiliar do treinador Carlo Ancelotti, não mais como destaque da equipe. Quem é o cara agora é Cristiano Ronaldo, com 16 gols na Liga, distribuídos nos 12 jogos, começando pelos da fase de grupos, onde o resultado menos positivo foi um empate com a Juventus por 2 a 2. Teve 6 a 1 sobre o Galatasaray na Turquia, 4 a 0 contra o Copenhague e domínio total do grupo B. Outro 6 a 1 aconteceu contra o Schalke 04, mais um atropelado pela máquina madridista. Contra o Borussia Dortmund, os 3 a 0 no primeiro jogo deu tranquilidade para a partida de volta, vencida pelos alemães por 2 a 0. Antes de chegar ao Estádio da Luz, o Real teve que derrubar o maior favorito na semifinal. O Bayern de Munich de Guardiola, invicto como treinador contra os Merengues, perdeu no Bernabéu por 1 a 0 e viu a Allianz Arena se calar com um imprevisível 4 a 0 para os espanhóis.
 É claro que o CR7 é o dono da equipe, só poderia ser isso mesmo. Porém, Casillas voltou à grande forma, Sérgio Ramos, Marcelo, Bale, Modric e Benzema dão o apoio necessário para o craque português brilhar. Xabi Alonso pode ficar de fora, Casemiro - ele mesmo - tem tudo para pegar essa vaga no meio-campo e atuar na grande final.
 Os mais de 65 mil lugares do Estádio da Luz estarão, teoricamente, bem divididos entre Merengues e Colchoneros, mas fica claro que o maior apoio será dado para o Real, de Ronaldo, ídolo da atual Portugal e maior esperança para a Copa no Brasil. Não resta dúvidas que será uma das maiores finais da Champions League de todos os tempos. 
Estádio da Luz, palco da final madrilenha