Até que ponto pode-se dizer que o calendário do futebol europeu é o melhor? Sem dúvida a ideia e o planejamento dele são bons, mas será que o período dele é realmente a melhor coisa que se podia fazer? Toda Copa do Mundo é igual: dezenas de desfalques de jogadores para as seleções, após uma exigida temporada europeia. Muitos não conseguem chegar ao término dela clínica e fisicamente bons o suficientes para defender seus países. Alguns conseguem, mas não chegam totalmente aptos para a disputa do Mundial.
Strootman sofreu lesão grave no joelho |
Por enquanto, o Brasil está com sorte, pois ainda não perdeu jogadores, porém nem todos tiveram essa sorte. São mais de 15 jogadores que poderiam estar no Brasil, mas as lesões após a temporada europeia comprometeram suas situações. Nomes como Thiago Alcântara (Espanha), Steve Mandanda (França), Victor Valdés (Espanha), Kevin Strootman (Holanda), Bryan Oviedo (Costa Rica), Theo Walcott (Inglaterra), entre outros, não têm mais chances de recuperação até a Copa. A lista de dúvidas também é grande: Diego Costa (Espanha), Luis Suárez (Inglaterra), Falcao García (Colombia), Sami Khedira (Alemanha), Giuseppe Rossi (Itália), até mesmo Cristiano Ronaldo não é certeza.
Zidane jogou no sacrífio em 2002 |
Pra não ficar só em 2014, citamos as Copas anteriores: em 2010, cerca de 19 jogadores ficaram de fora por contusão, incluindo Michael Essien (Gana), Obi Mikel (Nigéria), Michael Ballack (Alemanha), Rio Ferdinand, Michael Owen e David Beckham (Inglaterra). Em 2006, 11 seleções sofreram com lesões de seus jogadores, Michael Ballack chegou com um problema na panturrilha, mas conseguiu jogar a partir do 2° jogo, assim como o croata Olic, sorte que Cissé não teve, pois fraturou a tíbia e o perônio num amistoso preparatório. A própria campeã Itália chegou com dúvidas importantes, como Gattuso, Totti e Nesta. O Brasil também perdeu Edmílson naquela edição, com um menisco rompido. Em 2002, a França caiu na fase de grupos, muito porque Zidane estava com uma lesão na coxa e Robert Pires machucou o joelho e ficou de fora.
Não quero dizer que o calendário brasileiro é melhor que o europeu, nem pensei nisso, mas é uma idiotice tamanha ter a principal competição de futebol do planeta no final da temporada de muitos dos jogadores que nela estão. Depois o jogador tira o pé no seu clube para durar mais e aí vem Mourinhos da vida reclamarem que o jogador faz corpo mole, ou vem Felipões dizerem pro jogador dar o máximo de si nos clubes para serem convocados. Ora, se o cara dar o máximo no clube, não irá aguentar praticar um mês a mais de futebol em alto nível, isso é humanamente impossível. Ainda mais no nível de exigência física que o esporte se encontra.
Platini (UEFA) e Blatter (FIFA) seguem a guerra (fria) política, enquanto que o futebol segue o mesmo, sem melhorias |
"O que fazer então?" Primeiramente, tá na hora de paramos de babar no calendário europeu. Em seguida, ou a UEFA e seus membros batem o pé e peçam a alteração da época da Copa do Mundo, arcando com as consequências de Copas sendo disputadas no inverno do hemisfério Norte (imagina só isso na Rússia em 2018), ou a FIFA bate o pé e force a alteração das datas do calendário do futebol europeu, podendo pegar o meio da temporada dos clubes. Em meio a tal guerra de poderes fica o futebol, órfão de alguns jogadores que poderiam mostrar seu jogo no Mundial, só que lesões causadas no fim da temporada não deixam.