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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Diário da Copa - 19° dia

Água mole em pedra dura...
França e Nigéria indo a campo no Mané Garrincha
 Dando seguimento às oitavas, França e Nigéria se enfrentaram no Mané Garrincha, em Brasília. Didier Deschamps manteve a formação tática das últimas exibições, com Giroud, Benzema e Valbuena no comando de ataque, mas não conseguiu os resultados esperados. Giroud só aparecia bem cortando cruzamentos dos Super Águias, Benzema não estava se
Enyema faz boa defesa no chute de Pogba
movimentando pelos lados, apenas Valbuena conseguiu fazer o que se esperava dele. Com o ataque com problemas, Les Bleus foram pressionados na primeira etapa. Mesmo assim, o goleiro Enyeama foi destaque, ao fazer grande defesa no chute de Pogba. Ainda no 1° tempo, a Nigéria saiu na frente, com Emenike, só que ele também tinha saído na frente da defesa francesa e teve seu gol anulado por estar impedido.   


 Na etapa final, o jogo demorou para esquentar devido a 3 contusões que pararam a partida nos primeiros 10 minutos. Em uma dessas paradas, Onazi, volante nigeriano de muita importância para a defesa, acabou substituído por Gabriel. Aos 18', Odemwingie arriscou de fora da área e obrigou Lorris a fazer a defesa. Enfim, começara o segundo tempo, com mudança no lado francês: Giroud deu lugar a Griezmann, com isso, Benzema ficou como centroavante e Valbuena ganhou a companhia do novo jogador na armação. Aí o jogo ficou
Moses afasta a bola após lance de perigo
completamente a favor da França. Aos 24', Benzema tabelou com Griezmann e tentou bater na saída de Enyeama, que defendeu. A Brasuca ainda tocou na coxa do francês e foi em direção ao gol, mas Moses afastou-a quase que encima da linha. Cabaye, de fora da área, acertou o travessão. Benzema mais uma vez apareceu na área, agora de cabeça, obrigando outra defesaça de Enyeama. O goleiro nigeriano de três Copas do Mundo, que atua no futebol francês, estava difícil de ser batido.

Enyema não saiu muito bem do gol e acabou sendo batido
 De herói a "vilão" em um lance. Depois de parar a cabeçada de Benzema, espalmando a bola para escanteio, saiu pra afastar o cruzamento, deu um tapinha na Brasuca, tirou da cabeça de Evra, mas foi muito fraco para afastá-la também de Pogba. O volante furou a defesa nigeriana, um a zero. Culpar apenas o goleiro (que já tinha feito muito no jogo e fez mais depois do 1° gol) nesse lance não deve ser feito, pois o zagueiro Yobo, marcador de Pogba no momento, demorou pra entender o lance e não teve a rapidez necessária para pelo menos atrapalhar o jogador francês. Yobo também está em seu terceiro Mundial e foi uma mudança positiva feita pelo treinador Stephen Keshi após a estreia contra o Irã, fazia hoje seu 101° jogo como Super Águia, não poderia ter sido um dia pior. 
Yobo desviou a bola para seu próprio gol
 Pra manter a cota de gols nos acréscimos, Valbuena aproveitou uma já desinteressada defesa nigeriana para cobrar curto o escanteio, aproximar mais da área e mandar rasteiro pro meio dela. Lá estava Griezmann, que tentou tocar pro gol na saída de Enyeama, mas quem tocou nela foi Yobo. Gol contra. Vitória da França por 2 a 0.
Comemoração dos jogadores franceses após o duro jogo contra a Nigéria 
 Provavelmente, a partida das quartas-de-final terá uma França parecida taticamente com a do segundo tempo do jogo de hoje, pois Griezmann entrou bem e mudou a história da partida. Giroud e Benzema até conseguem jogar juntos, mas nem sempre, arriscar dessa forma seria perigoso, ainda mais se tiver uma Alemanha pela frente.


Em dia nublado, Beira-Rio se despede da Copa com uma partida fantástica
 Na despedida do Beira-Rio da Copa, um jogo que ficará na memória do fã do futebol. Alemanha e Argélia se enfrentaram e fizeram de tudo para vencer durante os 120 minutos que estiveram em campo. Os alemães possuíam mais a bola, só que os argelinos se sustentavam
Neuer saiu várias vezes do gol pra afastar
 o perigo do contra-ataque argelino
na defesa e faziam contra-ataques perigosíssimos. Neuer teve que sair da área para cortar lançamentos quase uma dezena de vezes. Na primeira delas, chegou a correr atrás de Slimani pela ponta esquerda e bloquear o chute com um carrinho. Foi nesse ritmo, ataque da Alemanha, posse de bola dos europeus, muitas chances criadas por eles, contra-ataque da Argélia, velocidade na transição dos africanos, muitas chances criadas também. Mas quem levava mais perigo eram os argelinos.


 Nos chutes de longe, a Alemanha tentava marcar. Schweinsteiger e Kroos não passaram pelo goleiro M'Bolhi, nem Götze, que pegou rebote de um chute de Kroos, mas foi abafado pelo camisa 23 argelino (mais um dos grandes goleiros deste Mundial). O primeiro tempo se foi, com o grito de gol entalado na garganta dos torcedores de ambos os lados.
M'Bolhi defende a cabeçada de Müller
Schweinsteiger tenta fazer
 o gol de cabeça mas não consegue
 A etapa final teve mais pressão da Alemanha, com Schürrle no lugar de Götze. Foram nos últimos 45' do tempo regulamentar que um jogador fez seu nome: Raïs M'Bolhi. Ele já tinha salvo a Argélia antes, mas dessa vez foi incrível. No chute de fora de Lahm, Raïs deu um leve toque com a ponta dos dedos, o suficiente pra Brasuca sair pra escanteio. Na cabeçada de Müller no meio da área, ele voou tirou do gol no reflexo de forma incrível. Schweinsteiger e Müller tiraram do goleiro, mas também tiraram do gol.


Neuer em mais uma de suas saídas da área
 A Argélia também atacou (aí está o "porque" deste jogo ter sido sensacional), não tanto quanto no 1º tempo, pois a pressão alemã foi grande, o que deixou Taïder mais sozinho no ataque, porém atacou. Fora as saídas de Neuer para cortar lançamentos, Feghouli recebeu o passe no lateral, girou com velocidade e bateu cruzado de fora da área, o lance assustou os alemães. Da mesma forma que foi a primeira etapa, foi-se a segunda, com 0 a 0, mas o gol era questão de tempo, só não se sabia pra quem.
Gol de Schürrle para a Alemanha
Schürrle comemora o 1º gol do jogo
 Realmente, o gol era questão de tempo, questão de 2 minutos a mais. Logo no início da prorrogação, Müller encontrou Schürrle dentro da área, que deu de calcanhar (meio sem querer) pro gol. "Arre!", disseram os alemães (em seu idioma, claro). A abertura do placar deixou as Raposas do Deserto mais ofensivas, porém sem muitas pernas para aguentarem correr. Slimani, principal referência argelina no ataque após a saída de Taïder (entrada de Brahimi, que ficou de fora da equipe por opção tática do
Özil faz o segundo da Alemanha
treinador Vahid Halilhodzic), estava exausto. Chegou a ter um contra-ataque, mas não aguentou correr e controlar a bola ao mesmo tempo e acabou sendo desarmado por Boateng. A defesa da Argélia estava totalmente aberta nos minutos finais, aí Özil e Schürrle tiveram tempo de sobra pra conseguirem empurrar pra dentro do gol mais uma bola. No final foi Özil quem marcou os 2 a 0. Fim de jogo? Quase, pois Djabou ainda marcou para os argelinos no minuto final. Aí sim, teve o apito final.

Comemoração alemã no gol de Özil
 A opção de Joachim Löw de não colocar na lateral-direita Phillipp Lahm, um dos melhores laterais-direitos do Mundo, mas sim no meio, como volante, enquanto o ponto fraco da Alemanha é o jogo pelas laterais, é a maior crítica feita ao treinador e à atual seleção alemã. Por sorte ou destino, as contusões de Hummels e agora a de Mustafi (esta último neste jogo contra a Argélia) obrigaram Löw a colocar Lahm na direita e Khedira no meio, foi o que aconteceu hoje. Veremos se ele manterá essa formação para a partida contra a França.             

domingo, 29 de junho de 2014

Diário da Copa - 18º dia

A punição da Brasuca. A muralha costarriquenha
Holandeses e mexicanos juntos no Castelão
 O Castelão foi palco de mais uma virada nos acréscimos desse Mundial. O belo gol de Giovani dos Santos aos 2 minutos do segundo tempo foi o suficiente para o treinador mexicano Miguel Herrera fechar seu time. O problema é aguentar a Holanda jogando desse jeito por 45 minutos. Mas falemos antes dos 45' iniciais, com maior domínio do México. Os
Robben foi derrubado na área, mas não foi marcado pênalti
holandeses esperavam algum contra-ataque ou erro dos Aztecas, porém não foram muitas chances que conseguiram. Van Persie, Robben e Wijnaldum não aproveitaram as raras oportunidades que tiveram. Robben inclusive foi derrubado na área, pênalti não marcado pelo árbitro Pedro Proença. O goleiro Ochoa pegou muito pouco na bola, pois quem atacava mais era sua equipe. Herrera, Salcido, Peralta e dos Santos eram os mais perigosos.


 No segundo tempo, dos Santos acertou um chute de fora e abriu o placar. Após alguns
dos Santos comemora o gol mexicano
minutos, Miguel Herrera tirou o autor do gol e colocou o volante Aquino. A alteração "ofensiva" dele foi substituir Peralta por "Chicharito" Hernández, ou seja, um atacante pelo outro. Louis van Gaal foi razoavelmente mais ousado (muito mais pela necessidade de fazer gols) ao colocar o atacante Depay no lugar do lateral Verhaegh, em contrapartida trocou Van Persie por Huntelaar (atacante por atacante). Sendo justo, a entrada de Depay foi importante porque tirou Robben do lado esquerdo e o colocou no direito, onde ele sabe jogar bem. 



Ochoa defende chute de De Vrij
 Na pressão holandesa, quem se destacou foi Ochoa, o "goleiro-íma". Foram duas defesas sensacionais, na primeira ele parou o chute à queima-roupa De Vrij, na segunda fechou o ângulo de Robben (houve uma terceira - talvez a mais desafiadora - mas Huntelaar já estava impedido). Enquanto a Holanda atacava, o México praticamente se abdicou de responder as ofensivas da Laranja Mecânica. Como diria aquele lá: "a bola pune". Depois de marretar, marretar e marretar, os holandeses chegaram ao que procuravam. Aos 42', Numa jogada provavelmente ensaiada, Robben cobrou escanteio na segunda trave, Huntelaar desviu a Brasuca para a entrada da área e lá estava Sneijder, que acertou um chute forte, pra estufar as redes de Ochoa, pra romper o campo magnético do goleiro mexicano. 
Sneijder acertou um chutaço da entrada da área
 Tudo estava se encaminhando para a prorrogação, só que Robben, correndo no acréscimos com 32ºC de temperatura do ambiente, não estava afim de mais 30 minutos, nem de pênaltis. Fez boa jogada pela direita, viu o pé de Rafa Márquez à sua frente, foi tocado por ele e deu um mergulho cinematográfico. Foi pênalti, embora a queda do holandês deixa uma sensação
Huntelaar comemora a virada holandesa
de encenação dele. Pedro Proença dessa vez marcou. Não foi Robben quem bateu, foi Huntelaar, pra virar o placar aos 48'. Só aí o México tentou atacar, com quem? Hernández estava sozinho, os volantes desceram, nada saiu. Pela 6ª vez consecutiva, os mexicanos chegaram às oitavas-de-final e foram eliminados. Jogando como nunca, perdendo como sempre. 

   


Vibração holandesa e lamentação mexicana ao fundo


Karagounis durante a partida contra a Costa Rica
 No mais improvável duelo das oitavas, a sensação do Mundial, a Costa Rica, enfrentou a Grécia, a seleção que menos apresentou futebol na primeira fase a se classificar. Muitos que viram a partida devem ter dito: "Precisa passar um desses dois? Não pode eliminar os dois e 'reviver' o Chile?" Pois é, não foi um primor de jogo, mas teve seus momentos de futebol. Os gregos começaram mais ofensivos do que na fase anterior e só não marcaram no primeiro tempo por causa do excelente goleiro Keilor Navas. A Costa Rica não era a mesma da fase de grupos, estava muito abaixo, terminou no lucro os 45' iniciais de poucas oportunidades claras para ambas as equipes.
Chute de Ruiz entra lentamente no gol de Karnezis
 Na volta do intervalo, Bryan Ruiz com um chute rasteiro na entrada da área fez 1 a 0. O gol, inicialmente, deu mais ambição para os costarriquenhos, porém isso não durou muito. Los Ticos começaram a recuar, dar espaços para a Grécia voltar a pressionar. Até que o zagueiro Óscar Duarte recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso da partida. Aí a Costa Rica se
Gol de Sokratis
fechou de vez. Navas, por mais de uma vez, salvou os centro-americanos. Entretanto, aos 45', o rebote do goleiro caiu nos pés de Sokratis, não teve jeito dele pegar essa. Mitroglou buscou a virada ainda nos acréscimos, só que Navas já estava recuperado. O gol dos gregos deixou muita gente brava, pois aguentar mais 30 minutos da prorrogação seria um porre.


 Enquanto a Grécia mantinha a pressão, a Costa Rica só conseguia se sustentar na defesa, já que não tinha pernas para defender e atacar. Joel Campbell, o único atacante da equipe na prorrogação, não conseguiu
Navas fez excelente partida contra a Grécia
dar três toques na bola sem errar em pelo menos um deles, estava esgotado. Mais uma vez, quem salvou Los Ticos foi Navas. No último lance, ele fez uma defesa brilhante no chute de Mitroglou cara-a-cara com o goleiro centro-americano. O jogo poderia ter se iniciado nos pênaltis que não haveriam muitas reclamações.


 Borges, Mitroglou, Ruiz, Christodouloupoulos, González, Holebas e até Joel Campbell (não sei como ele aguentou ainda bater pênalti) converteram suas cobranças. Tava faltando alguém aparecer. Gekas cobrou e Navas fez outra grande defesa. Umaña converteu sua cobrança e levou a Costa Rica mais longe ainda.
Gekas teve chute defendido por Navas na disputa por pênaltis
 "A Holanda vai trucidar a Costa Rica!" Se você pensou em algo do tipo, tenha cuidado pra não se precipitar. Não espere uma goleada da Laranja Mecânica, pois o estilo de jogo da Costa Rica encaixa mais contra seleções maiores do que com equipe menores, caso da Grécia. Ainda mais porque o que vier agora é lucro para Los Ticos.  
Festa da Costa Rica na Arena Pernambuco

sábado, 28 de junho de 2014

Diário da Copa - 17º dia

 Vitória chilena, classificação brasileira. Ghostbusters.

 O primeiro dia das oitavas-de-final do Mundial foi emocionante, histórico. Abrindo os trabalhos, Brasil e Chile se enfrentaram no Mineirão. No lado do anfitrião, Fernandinho foi a alteração escolhida por Felipão em relação aos últimos jogos. Entretanto, o novo titular esteve aparentemente nervoso, fez muitas faltas e pouco adicionou para a equipe. Aliás, equipe foi o que não se viu no campo por parte do Brasil. Quem diria? A Seleção cinco vezes campeã do Mundo não chegava nem perto de ser uma equipe, eram 11 jogadores que pareciam não se conhecer. O Chile não estava jogando como em partidas anteriores, mesmo assim mostrava
David Luiz fez o primeiro gol da partida
ser um time. Os primeiros minutos foram de muitas faltas, nervosismo de ambos os lados e raríssimas chances de gols, tanto é que a primeira grande oportunidade foi o gol do Brasil (embora Neymar tenha perdido a chance de chutar pra gol em um contra-ataque momentos antes). David Luiz - ou seria o zagueiro Jara - botou pra dentro após escanteio e desvio de Thiago Silva. O melhor que o Brasil fazia era se defender. Só que n
a falha de Hulk, Vargas encontrou Sánchez, que empatou.
Sánchez empatou o jogo no Mineirão

 Falar do jogo é realmente inútil nesse momento, já que quase toda partida (os 90 minutos mais a prorrogação) foi com um Chile absoluto. Claro, o goleiro Bravo fez boas defesas, mas tratá-lo da mesma maneira que o mexicano Ochoa foi tratado (como o culpado pelo empate dos brasileiros com sua seleção), ambos de forma exagerada, é burrice.
La Roja foi a vencedora moral da disputa com o Brasil. Enquanto os chilenos criavam, com Aránguiz,
Por alguns centímetros o Brasil
 não esteve fora das quartas-de-final
Sánchez e Vidal, o que se via no lado tupiniquim era um jogo baseado no chutão, no "quem é que sobe"(como diria aquele) insistente. Não fosse Júlio César (calando a boca dos críticos), os 90 minutos seriam o limite da Seleção nesse Mundial. Não fosse Pinilla, atacante reserva do Chile, acertar o travessão (junto com a trave esquerda do mesmo gol foram as melhores jogadoras do Brasil) e não o gol, a vitória nos pênaltis seria
 um sonho distante. 

 Ok, o Brasil conseguiu a classificação, porém não chegou perto de merecer isso em nenhum momento da Copa. O que se vê é um time mal convocado, mal preparado, mal treinado, jogando mal, mas com Neymar e alguns outros pesos individuais (em "alguns", me refiro a Luiz Gustavo, Thiago Silva, David Luiz, Júlio César e Hulk em certos momentos) que conseguem, algumas vezes facilmente, outras aos "trancos e barrancos", resolver as partidas. Dos males da Seleção, o maior é Felipão. Quem dera o Brasil possuísse um Sampaoli no comando técnico. O discurso de "família" ou "somos campeões" já não anima ninguém mais (acredito que nem o próprio
Felipão está ultrapassado para ser treinador
 de uma seleção de grande porte como Brasil
Scolari concorda com o que diz). De que adianta ser o "paizão" dos jogadores quando se convoca os 23 teoricamente melhores jogadores disponíveis e monta um "time" (perdão por tantas àspas) que não honra as tradições do futebol do país: ousado, bonito, alegre, envolvente, abusado... Obviamente que muitas dessas palavras não estão no vocabulário futebolístico de Felipão. Ousadia sem dúvida não é fazer 3 trocas de jogadores por outros da mesma posição. Futebol envolvente não é fazer jogadas através de lançamentos longos dos zagueiros. Enfim, o Brasil tem mais sorte do que juízo, passou para as quartas, mas até quando vai conseguir avançar jogando isso, que não se chama futebol (e não me pergunte o que é)?

Júlio César foi festejado pelos jogadores do Brasil. Devem o "bicho" pra ele

 Futebol é o que a Colômbia vem jogando e bem. Contra um Uruguai "mordido", devido à punição a Luisito Suárez, Los Cafeteros se classificaram na bola. Não teve fantasma que resistisse aos "Ghostbusters" colombianos. Nem o fantasma do Maracanã, muito menos o das oitavas-de-final, de onde nunca passaram (tinha sido apenas uma tentativa, em 1990). Se a Celeste era empurrada por uruguaios em busca de vingança, a Colômbia tinha a Fiebre Amarilla cantando por eles no Maracanã. 

Festa da Fiebre Amarilla no Maracanã
 Na disputa entre a garra uruguaia e o talento da seleção colombiana, o que se teve foram
James acertou um chutaço num dos maiores gols da Copa 
muitas bolas divididas com força em exagero, mas também belas jogadas, mais por parte da Colômbia do que do Uruguai. Na maior de todas, James Rodríguez, o craque do Mundial até agora, acertou um chute maravilhoso de fora da área pra fazer 1 a 0. De fora da área os uruguaios também tentaram, mas com menos qualidade e sorte, já que o goleiro Ospina estava afim de não tomar gol.


 Além do contra-ataque perigoso demonstrado na fase de grupos, o time de José Pékerman
Mais um gol de James Rodríguez no Mundial
sabe se adaptar às partidas. O domínio e valorização da posse de bola no jogo contra a Celeste foi a novidade mostrada pelos Cafeteros. O que não foi novidade foi o que jogou Cuadrado, Armero, Ospina, James e companhia. Em outra grande jogada, Armero fez um cruzamento incrível, que encontrou Cuadrado depois da 2ª trave. Ele mandou pro meio da área, lá estava James Rodríguez. Quinto gol dele em 4 jogos.


 O Uruguai até tentou reverter a situação. Impossível. Foram-se os fantasmas. Pela primeira vez, Colômbia entre as 8 melhores seleções da Copa e com muitas chances de irem mais longe. Brasil, sua hora tá chegando, é bom tomar cuidado.         
As danças nos gols colombianos viraram tradição

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Diário da Copa - 16° dia

Como ficam as oitavas-de-final?

  Como esse é o primeiro dia do Mundial que não terá jogo, vamos respirar e analisar o que cada uma das 16 seleções restantes fizeram até agora na competição.


Brasil - O mesmo time campeão da Copa das Confederações foi escalado por Felipão, mas

deixou muito a desejar, só Neymar apareceu bem sempre que foi preciso. Contra a Croácia, a vitória por 3 a 1 maquiou a razoável exibição da Seleção, que contou com Oscar jogando melhor do que nos últimos jogos (nas duas partidas seguintes foi pior). Diante do México, não deu pra esconder a pouca criação do meio-campo, Paulinho completamente escondido começou a preocupar a torcida. Botaram a culpa no goleiro Ochoa por a bola não entrar, porém é fato que o 0 a 0 aconteceu por causa da pontaria não muito boa dos ataques. Na partida com Camarões, o primeiro tempo ridículo deu lugar a um segundo tempo bem melhor, Paulinho deu lugar a Fernandinho. Bem melhor, embora seja ainda muito pouco para um pentacampeão mundial em busca do hexa. 


México - Chegou no Brasil não convencendo sua torcida, mas fez os jogos da primeira fase com boa qualidade. Poderia ter feito 3 a 0 contra Camarões, só que a arbitragem anulou mal
2 de seus gols. Empatou com o Brasil no Castelão de forma incrível, fazendo jus a seu histórico de "pedra no sapato" da seleção brasileira. No confronto contra a Croácia, vitória indiscutível, com declarações provocadoras dos crotas respondidas no campo. O problema dos Aztecas é que o segundo lugar, que só veio por causa dos 2 gol anulados da 1ª partida (se tivessem os gols, empurrariam o Brasil para a 2ª posição), colocou a Holanda em seu caminho.

Holanda - Surpreendeu a todos com uma goleada pra cima da Espanha na estreia, depois
teve caminho livre pra terminar líder do grupo B. Robben e Van Persie estão jogando demais, além da defesa estar bem sólida e o banco de reservas sempre ter uma atração pro segundo tempo, como Memphis Depay e Leroy Fer. Os holandeses vão totalmente opostos ao futebol de posse de bola que consagrou a Espanha nos últimos anos, ficam pouco com a Brasuca, mas são muito objetivos. Parecia que os comandados de Louis Van Gaal não causariam tantos problemas na Copa, agora já estão entre os favoritos à conquista do título.

Chile - Era considerada uma possível surpresa na Copa e foi, eliminado a Espanha no segundo jogo. Jorge Sanpaoli mostrou mais uma vez que não tem medo de atacar, nem de
mexer em time que está ganhando. Alterou a escalação e a formação da equipe que venceu a Austrália na primeira rodada, colocou 3 zagueiros para os laterais avançarem mais, além de utilizar os volantes Aránguiz e Vidal como organizadores do meio-campo e criadores de jogadas, o que deu muito certo. A possibilidade de La Roja acabar com o histórico de freguês do Brasil é grande nesse Mundial.

Colômbia - Mostrou um futebol ofensivamente encantador. E olha que o principal jogador, Falcao García, está de fora. Com James Rodríguez em grande fase e Guillermo Cuadrado
causando pesadelos para seus marcadores, José Pékerman arrumou bem o sistema defensivo, comandado em campo pelo veterano Mario Yepes. O ponto fraco do time é o atacante Teófilo Gutiérrez (muitos preferem Jackson Martínez em seu lugar). Temos aqui uma grande equipe, com uma grande torcida (a Fiebre Amarilla lotou os estádios nos quais a Colômbia jogou). Pode até não ter jogado contra uma seleção de peso na Copa ainda, mas não há dúvidas de que ela tem potencial para ir longe.


Grécia - Até os 48 minutos do segundo tempo do último jogo da fase de grupos, os gregos nem eram cogitados a se classificarem, uma vez que não mostraram futebol suficiente para conseguirem tal feito. E não é que conseguiram? Contra a Costa do Marfim, na 3ª partida, o esquema do treinador Fernando Santos deu certo. Um 4-5-1 que varia para 4-3-3 ajudou na surpreendente classificação, com o gol vindo no último lance. Mas é provável que não passe de fase novamente.

Costa Rica - A única seleção do grupo D que não era campeã mundial surpreendeu a todos
e terminou em 1° lugar. A solidez defensiva implantada pelo treinador Jorge Luis Pinto, com 5 defensores e dois bons volantes à sua frente (Celso Borges e Yeltsin Tejeda), além do excelente goleiro Navas, dá a chance para Bryan Ruiz e Cristian Bolaños criarem jogadas. Na frente, Joel Campbell se destaca entre os melhores centroavantes do Mundial. Essa seleção já fez história ao se classificar para as oitavas-de-final, ainda mais do jeito que foi, mas pode conseguir mais ainda.  

Uruguai - A derrota para a Costa Rica mostrou a falta que Luís Suárez fazia para a Celeste. Quando ele estreou na Copa no segundo jogo, contra a Inglaterra, isso foi comprovado. Fez 2
e decidiu, eliminando os ingleses. Diante da Itália, não marcou, mas foi protagonista. Conseguiu muitas chances de gol, elevou a moral de seus companheiros, mordeu Chiellini. A FIFA o puniu com 9 jogos fora da seleção, além de 4 meses sem poder jogar, nem mesmo treinar, e uma multa de 100 mil francos suíços. Sem Luisito, o que sobrou para o Uruguai foi jogar por ele, além da fanática torcida. Será o suficiente?

França - Passou com muita tranquilidade da fase de grupos, ao contrário do que se pensava após o corte de Ribéry. Os 5 a 2 sobre a Suíça alertou os adversários, que agora temem enfrentar Les Bleus. Benzema, Valbuena e Giroud formam o trio ofensivo (Giroud centralizado e os outros dois mais livres na criação de jogadas). Matuidi, Sissoko e Cabaye (pode aparecer Pogba também) foram muito bem no meio-campo. Na defesa, Varane e Sakho formaram uma boa dupla e Evra fechou o lado esquerdo, além de fazer um bom apoio ao ataque. O goleiro Llorris foi pouco exigido, mas é muito confiável. A França tem uma equipe bem armada e está na briga do título mundial.

Suíça - Pode-se dizer que sua classificação veio no primeiro jogo, no último lance, com o gol de Seferovic decretando os 2 a 1 sobre o Equador, adversário direto pela segunda vaga. Claro que a derrota para a França não foi bonita de se ver, porém não interferiu na conquista da vaga para as oitavas. A defesa aguenta até um certo ponto, o meio-campo sofre um pouco na saída de bola (mais por causa de Behrami do que de Inler), mas Xhaka e, principalmente, Shaqiri fazem a diferença. O time de Ottmar Hitzfeld não é peso morto contra Argentina, os hermanos que se cuidem.

Argentina - A defesa não é muito confiável, o meio-campo sofre pra criar jogadas e Sergio
Agüero está machucado (embora não tenha feito muito pra a equipe nesse Mundial). Tudo isso gera menos preocupação do que se espera do torcedor argentino, pois Messi aparece no momento certo, na hora certa. A fase dele na Copa é boa, ele está resolvendo os jogos para a Alvi Celeste e, se os adversários se preocupam com Argentina, é por causa de Lionel Messi. Como Maradona em 1986, o camisa 10 argentino tem capacidade de decidir e levar a equipe às vitórias.

Nigéria - A partida péssima com o Irã na estreia alterou a formação tática dos Super Águias,
foi aí que eles começaram a jogar. Odemwingie, Babatunde (que quebrou o braço contra a Argentina e não joga nas oitavas), Musa e Emenike foram os principais responsáveis pela classificação. Obi Mikel, quando joga mais à frente (como foi na 1ª partida) deixa a desejar, mas quando aparece como segundo volante é muito importante na saída de bola da seleção africana. O problema será parar a França nas oitavas.

Alemanha - Os 4 a 0 sobre Portugal foi empolgante para os alemães. Mas aí veio o empate com Gana e a candidatura a maior favorito ao título foi por água abaixo. Bom pra eles, que
terão menos pressão de ganhar do que teriam caso passassem por cima de todos os adversários na primeira fase. Possuem pontos fracos, como a pouca ajuda dos laterais no ataque (ambos são zagueiros, já que Philipp Lahm está de volante e Schmelzer foi cortado por lesão), mas têm um dos ataques mais fortes, com o artilheiro Thomas Müller, Götze, Özil, Kroos, Podolski e Klose.

Estados Unidos - Entrou no Mundial como terceira maior força do grupo. Durante a competição, ultrapassou Portugal nesse ranking virtual. A lesão de Altidore obrigou Jurgen
Klinsmann a improvisar no ataque. Colocou Dempsey como atacante e Zusi no meio-campo e conseguiu se classificar. O que ajudou bastante na conquista da vaga foi não perder por muitos gols contra a Alemanha, méritos para a defesa, os volantes Beckerman e Jones e o goleiro Howard. Dependendo de como virá a Bélgica, os Yanks podem até conseguir chegar às quartas.

Bélgica - Chegou para ser a sensação do Mundial, mas mostrou que a "Geração de Ouro" do futebol belga possui um bom elenco ("de videogame" como alguns preferem descrever), mas não um grande time. As jogadas individuais são maioria, realmente há muita habilidade, só que é difícil vencer em mundiais sozinho (a menos que você se chame Messi, Neymar ou Cristiano Ronaldo e esteja em boa forma física). Nas poucas jogadas em equipe, Les Diables Rouges conseguiram gols na maioria. Tem potencial para melhorar ainda nessa Copa, mas já foi afirmado por eles que essa equipe está sendo preparada para as próximas competições (Eurocopa 2016 e Mundial 2018).


Argélia - A razoável apresentação diante da Bélgica na estreia pressionou o treinador Vahid Halilhodzic, que fez 5 alterações importantes na equipe. Mandi e Mesbah entraram nas laterais e conseguiram protegê-las. Brahimi, Djabour e Slimani entraram no ataque e foram os principais nomes da equipe ao lado de Feghouli. Com isso, os argelinos fizeram 4 a 2 na Coréia do Sul e arrancaram um empate com a Rússia, favorita a ficar coma vaga. Classificação histórica das Raposas do Deserto, que pegam a Alemanha nas oitavas em busca de surpreenderem ainda mais.