Como ficam as oitavas-de-final?
Como esse é o primeiro dia do Mundial que não terá jogo, vamos respirar e analisar o que cada uma das 16 seleções restantes fizeram até agora na competição.
Brasil - O mesmo time campeão da Copa das Confederações foi escalado por Felipão, mas
deixou muito a desejar, só Neymar apareceu bem sempre que foi preciso. Contra a Croácia, a vitória por 3 a 1 maquiou a razoável exibição da Seleção, que contou com Oscar jogando melhor do que nos últimos jogos (nas duas partidas seguintes foi pior). Diante do México, não deu pra esconder a pouca criação do meio-campo, Paulinho completamente escondido começou a preocupar a torcida. Botaram a culpa no goleiro Ochoa por a bola não entrar, porém é fato que o 0 a 0 aconteceu por causa da pontaria não muito boa dos ataques. Na partida com Camarões, o primeiro tempo ridículo deu lugar a um segundo tempo bem melhor, Paulinho deu lugar a Fernandinho. Bem melhor, embora seja ainda muito pouco para um pentacampeão mundial em busca do hexa.
México - Chegou no Brasil não convencendo sua torcida, mas fez os jogos da primeira fase com boa qualidade. Poderia ter feito 3 a 0 contra Camarões, só que a arbitragem anulou mal
2 de seus gols. Empatou com o Brasil no Castelão de forma incrível, fazendo jus a seu histórico de "pedra no sapato" da seleção brasileira. No confronto contra a Croácia, vitória indiscutível, com declarações provocadoras dos crotas respondidas no campo. O problema dos Aztecas é que o segundo lugar, que só veio por causa dos 2 gol anulados da 1ª partida (se tivessem os gols, empurrariam o Brasil para a 2ª posição), colocou a Holanda em seu caminho.
Holanda - Surpreendeu a todos com uma goleada pra cima da Espanha na estreia, depois
teve caminho livre pra terminar líder do grupo B. Robben e Van Persie estão jogando demais, além da defesa estar bem sólida e o banco de reservas sempre ter uma atração pro segundo tempo, como Memphis Depay e Leroy Fer. Os holandeses vão totalmente opostos ao futebol de posse de bola que consagrou a Espanha nos últimos anos, ficam pouco com a Brasuca, mas são muito objetivos. Parecia que os comandados de Louis Van Gaal não causariam tantos problemas na Copa, agora já estão entre os favoritos à conquista do título.
Chile - Era considerada uma possível surpresa na Copa e foi, eliminado a Espanha no segundo jogo. Jorge Sanpaoli mostrou mais uma vez que não tem medo de atacar, nem de
mexer em time que está ganhando. Alterou a escalação e a formação da equipe que venceu a Austrália na primeira rodada, colocou 3 zagueiros para os laterais avançarem mais, além de utilizar os volantes Aránguiz e Vidal como organizadores do meio-campo e criadores de jogadas, o que deu muito certo. A possibilidade de La Roja acabar com o histórico de freguês do Brasil é grande nesse Mundial.
Colômbia - Mostrou um futebol ofensivamente encantador. E olha que o principal jogador, Falcao García, está de fora. Com James Rodríguez em grande fase e Guillermo Cuadrado
causando pesadelos para seus marcadores, José Pékerman arrumou bem o sistema defensivo, comandado em campo pelo veterano Mario Yepes. O ponto fraco do time é o atacante Teófilo Gutiérrez (muitos preferem Jackson Martínez em seu lugar). Temos aqui uma grande equipe, com uma grande torcida (a Fiebre Amarilla lotou os estádios nos quais a Colômbia jogou). Pode até não ter jogado contra uma seleção de peso na Copa ainda, mas não há dúvidas de que ela tem potencial para ir longe.
Grécia - Até os 48 minutos do segundo tempo do último jogo da fase de grupos, os gregos nem eram cogitados a se classificarem, uma vez que não mostraram futebol suficiente para conseguirem tal feito. E não é que conseguiram? Contra a Costa do Marfim, na 3ª partida, o esquema do treinador Fernando Santos deu certo. Um 4-5-1 que varia para 4-3-3 ajudou na surpreendente classificação, com o gol vindo no último lance. Mas é provável que não passe de fase novamente.
Costa Rica - A única seleção do grupo D que não era campeã mundial surpreendeu a todos
e terminou em 1° lugar. A solidez defensiva implantada pelo treinador Jorge Luis Pinto, com 5 defensores e dois bons volantes à sua frente (Celso Borges e Yeltsin Tejeda), além do excelente goleiro Navas, dá a chance para Bryan Ruiz e Cristian Bolaños criarem jogadas. Na frente, Joel Campbell se destaca entre os melhores centroavantes do Mundial. Essa seleção já fez história ao se classificar para as oitavas-de-final, ainda mais do jeito que foi, mas pode conseguir mais ainda.
Uruguai - A derrota para a Costa Rica mostrou a falta que Luís Suárez fazia para a Celeste. Quando ele estreou na Copa no segundo jogo, contra a Inglaterra, isso foi comprovado. Fez 2
e decidiu, eliminando os ingleses. Diante da Itália, não marcou, mas foi protagonista. Conseguiu muitas chances de gol, elevou a moral de seus companheiros, mordeu Chiellini. A FIFA o puniu com 9 jogos fora da seleção, além de 4 meses sem poder jogar, nem mesmo treinar, e uma multa de 100 mil francos suíços. Sem Luisito, o que sobrou para o Uruguai foi jogar por ele, além da fanática torcida. Será o suficiente?
França - Passou com muita tranquilidade da fase de grupos, ao contrário do que se pensava após o corte de Ribéry. Os 5 a 2 sobre a Suíça alertou os adversários, que agora temem enfrentar Les Bleus. Benzema, Valbuena e Giroud formam o trio ofensivo (Giroud centralizado e os outros dois mais livres na criação de jogadas). Matuidi, Sissoko e Cabaye (pode aparecer Pogba também) foram muito bem no meio-campo. Na defesa, Varane e Sakho formaram uma boa dupla e Evra fechou o lado esquerdo, além de fazer um bom apoio ao ataque. O goleiro Llorris foi pouco exigido, mas é muito confiável. A França tem uma equipe bem armada e está na briga do título mundial.
Suíça - Pode-se dizer que sua classificação veio no primeiro jogo, no último lance, com o gol de Seferovic decretando os 2 a 1 sobre o Equador, adversário direto pela segunda vaga. Claro que a derrota para a França não foi bonita de se ver, porém não interferiu na conquista da vaga para as oitavas. A defesa aguenta até um certo ponto, o meio-campo sofre um pouco na saída de bola (mais por causa de Behrami do que de Inler), mas Xhaka e, principalmente, Shaqiri fazem a diferença. O time de Ottmar Hitzfeld não é peso morto contra Argentina, os hermanos que se cuidem.
Argentina - A defesa não é muito confiável, o meio-campo sofre pra criar jogadas e Sergio
Agüero está machucado (embora não tenha feito muito pra a equipe nesse Mundial). Tudo isso gera menos preocupação do que se espera do torcedor argentino, pois Messi aparece no momento certo, na hora certa. A fase dele na Copa é boa, ele está resolvendo os jogos para a Alvi Celeste e, se os adversários se preocupam com Argentina, é por causa de Lionel Messi. Como Maradona em 1986, o camisa 10 argentino tem capacidade de decidir e levar a equipe às vitórias.
Nigéria - A partida péssima com o Irã na estreia alterou a formação tática dos Super Águias,
foi aí que eles começaram a jogar. Odemwingie, Babatunde (que quebrou o braço contra a Argentina e não joga nas oitavas), Musa e Emenike foram os principais responsáveis pela classificação. Obi Mikel, quando joga mais à frente (como foi na 1ª partida) deixa a desejar, mas quando aparece como segundo volante é muito importante na saída de bola da seleção africana. O problema será parar a França nas oitavas.
Alemanha - Os 4 a 0 sobre Portugal foi empolgante para os alemães. Mas aí veio o empate com Gana e a candidatura a maior favorito ao título foi por água abaixo. Bom pra eles, que
terão menos pressão de ganhar do que teriam caso passassem por cima de todos os adversários na primeira fase. Possuem pontos fracos, como a pouca ajuda dos laterais no ataque (ambos são zagueiros, já que Philipp Lahm está de volante e Schmelzer foi cortado por lesão), mas têm um dos ataques mais fortes, com o artilheiro Thomas Müller, Götze, Özil, Kroos, Podolski e Klose.
Estados Unidos - Entrou no Mundial como terceira maior força do grupo. Durante a competição, ultrapassou Portugal nesse ranking virtual. A lesão de Altidore obrigou Jurgen
Klinsmann a improvisar no ataque. Colocou Dempsey como atacante e Zusi no meio-campo e conseguiu se classificar. O que ajudou bastante na conquista da vaga foi não perder por muitos gols contra a Alemanha, méritos para a defesa, os volantes Beckerman e Jones e o goleiro Howard. Dependendo de como virá a Bélgica, os Yanks podem até conseguir chegar às quartas.
Bélgica - Chegou para ser a sensação do Mundial, mas mostrou que a "Geração de Ouro" do futebol belga possui um bom elenco ("de videogame" como alguns preferem descrever), mas não um grande time. As jogadas individuais são maioria, realmente há muita habilidade, só que é difícil vencer em mundiais sozinho (a menos que você se chame Messi, Neymar ou Cristiano Ronaldo e esteja em boa forma física). Nas poucas jogadas em equipe, Les Diables Rouges conseguiram gols na maioria. Tem potencial para melhorar ainda nessa Copa, mas já foi afirmado por eles que essa equipe está sendo preparada para as próximas competições (Eurocopa 2016 e Mundial 2018).
Argélia - A razoável apresentação diante da Bélgica na estreia pressionou o treinador Vahid Halilhodzic, que fez 5 alterações importantes na equipe. Mandi e Mesbah entraram nas laterais e conseguiram protegê-las. Brahimi, Djabour e Slimani entraram no ataque e foram os principais nomes da equipe ao lado de Feghouli. Com isso, os argelinos fizeram 4 a 2 na Coréia do Sul e arrancaram um empate com a Rússia, favorita a ficar coma vaga. Classificação histórica das Raposas do Deserto, que pegam a Alemanha nas oitavas em busca de surpreenderem ainda mais.