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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Diário da Copa - 30° dia

Clássico Euro-Americano
 Alemanha e Argentina decidirão qual será o campeão mundial de 2014. Foram 7 partidas entre as duas seleções nas 19 edições anteriores, um dos confrontos mais repetidos da história, com 4 vitória da Mannschaft ('58, '90, '06 e '10), dois empates ('66 e '74 - nesse jogo foi a Alemanha Oriental) e apenas uma da Albiceleste ('86), sendo que em '86 e '90 foram na final. Mas chega de falar do histórico entre elas, é hora de contar como chegaram no 8° duelo, o terceiro em finais.

 Tapa na cara do "país do futebol"
 Os alemães fizeram grandes mudanças no desenvolvimento do futebol local no início dos anos 2000, após uma péssima campanha na Eurocopa da Bélgica/Holanda. Mesmo com a chegada na final do Mundial de 2002, considerado por muitos um feito inacreditável por conta da qualidade daquela equipe, mantiveram o que haviam planejado. O que foi planejado? A
treino do sub-12 do Freiburg
Federação Alemã de Futebol (vinculada ao governo) em conjunto com a Bundesliga (Liga de futebol da Alemanha) obrigam o trabalho nas categorias de base das 36 equipes da 1ª e 2ª divisões. Com isso foram criados centros de excelência para a formação de atletas, não só técnica, tática e fisicamente, mas também psicologicamente (todos os 23 convocados para a Copa, exceto Klose, passaram por algum desses centros). Tudo fiscalizado por uma empresa contratada pela Federação, que também possui 366 centros
Alemanha campeão europeia sub-21 em 2009.
Lá estavam Neuer, Boateng, Höwedes, Khedira, Özil e Hummels
futebolísticos para jovens (de ambos os sexos) de 9 a 17 anos. Além disso, os clubes precisam se manter financeiramente saudáveis para não serem rebaixados, e isso acontece por causa do apoio de grandes empresas e da participação ativa do torcedor, dono de 51% ou mais das ações do clube, o que cria o interesse em ir aos estádios, obviamente com o preço dos ingressos ao nível econômico do público. Aí está o porquê da média de público lá ser de 45 mil pessoas (contra 15 mil no Brasil). 

Millerntor-Stadium, do St. Pauli, que disputa a Bundesliga 2, tem média de 35 mil pagantes por partida
A Alemanha ficou com bronze em 2010
 O trabalho mal se iniciara e a Alemanha já tinha uma forte seleção no Mundial de 2006, organizado por lá mesmo. Terminaram em 3° lugar, com a sensação de que estavam no caminho certo. Já em 2010, estavam à caminho do título. Fizeram 4 a 1 na Inglaterra, 4 a 0 na Argentina, mas pararam na também excelente Espanha, outro terceiro lugar. Mesmo sem ser campeão, nem mundial nem europeu, o trabalho do treinador Joachim Löw, assim como todo o sistema criado por lá, seguiu até que o momento de colher os frutos chegassem.
Resort construído pela Federação Alemã no interior da Bahia 
Alemanha chegando de balsa ao Vilarejo de Santo André
 Em 2014, Die Mannschaft se preparou para ser o campeão. Enquanto outras seleções optaram por ficar em grandes centros, os comandados de Löw ficaram no Vilarejo de Santo André, em Santa Cruz Cabrália, interior da Bahia. Totalmente longe da badalação que a Copa trouxe para o Brasil (depois de descer no aeroporto de Porto Seguro, iam de ônibus para S.C. Cabrália e pegavam uma balsa para Santo André), no máximo uma confraternização com as pessoas que moram lá. Sem falar que foi a própria Federação Alemã quem montou o resort onde ficou. Não poderiam ter resultado diferente do que conseguiram. Estrearam fazendo 4 a 0 sobre Portugal de Cristiano Ronaldo, empataram por 2 a 2 com Gana em um jogo de alto
Müller (centro) é o artilheiro da Alemanha no Mundial 2014
nível, derrotaram os Estados Unidos de Jürgen Klinsmann, treinador da seleção alemã na Copa 2006, obtendo a classificação em 1° lugar do grupo G. Nas oitavas-de-final, passaram por uma aguerrida Argélia na prorrogação e pela surpreendentemente forte França nas quartas. Até que chegou o jogo contra o Brasil. Acostumados com os jogos de alto nível que fizeram no Mundial, entraram com tudo para vencer, só não esperavam a incapacidade dos brasileiros em fazer um jogo competitivo com eles. Causaram o maior vexame dos 100 anos do futebol do "país do futebol". Agora, vão para o Maracanã enfrentar a Argentina na final.


Seleção argentina da Copa 2002
 A renovação do futebol argentino não foi tão bem elaborada como a da Alemanha, mas também existiu. Após a fraca campanha na Copa de '94 e a despedida de Maradona, o hermanos começaram a olhar para suas categorias de base. Apareciam bons jogadores, mas não o suficiente para se criar uma geração dourada da Albiceleste. Crespo, Verón, Zanetti, Samuel, Sorín, Ortega, Aimar chegaram a ser favoritos em 2002, porém saíram de forma melancólica na fase de grupos. Até que em 2006 surgiram nomes que, se trabalhados de maneira correta (de preferencia fora da Argentina, onde existem Grondonas da vida - os Marins e Del Neros
Albiceleste de 2006
daqui), iriam dar muito certo na seleção. Eram os jovens Javier Mascherano, Carlos Tevez, 
Rodrigo Palacio e Lionel Messi, que começavam a dar esperanças para o futuro de Los Gauchos. Não naquela Copa, onde foram eliminados nos pênaltis para Alemanha. Nos Jogos Olímpicos de 2008, a geração mostrou os primeiros resultados, com a medalha de ouro. Garay, Zabaleta, Gago, Lavezzi, di María, Mascherano, Messi, Agüero e Romero estiveram em Pequim e estão em 2014 no Brasil.

O ouro olímpico em 2008 foi o primeiro resultado da geração que chegou na final da Copa 2014
A derrota por 4 a 0 para a Alemanha
 eliminou amargamente a Argentina 
 Só que o ano da conquista mundial da Argentina seria 2010. Comandados por Diego Maradona, passaram tranquilamente pela fase de grupos, fizeram 3 a 1 no México nas oitavas e foram com tudo pra cima da Alemanha em busca de vingança 4 anos depois de ser eliminada pela mesma seleção. Um gol pra cada ano passado, os 4 a 0 da Mannschaft e os questionamentos sobre Messi, eleito na época pela primeira vez melhor jogador do Mundo, não jogar tudo o que sabia pela Albiceleste ficou durante um tempo. 
A hinchada motivou a Argentina em campo

 No Brasil, escolheram Belo Horizonte, mais especificamente o CT do Galo, como base. Não jogaram como uma grande seleção que é, Messi decidiu as vitórias argentinas até as quartas-de-final, mas dizer que não mereceram chegar à final é demais (se até o Brasil chegou na semifinal...). Sem dar show em campo, foi a torcida argentina quem fez belas demonstrações de apoio. A hinchada esteve presente em todas as 6 partidas da Albiceleste e provavelmente estará no Maracanã no domingo.

A defesa argentina é destaque no Mundial
 Até agora não foi a Copa do ataque argentino. Além de Messi, muito da classificação se deveu à defesa, a muito tempo questionada. Romero é um goleiro fraco, Zabaleta não acompanha muito bem os adversários pela lateral-direita, Garay e Demichelis não são grande coisa, Rojo está na lateral-esquerda por falta de opção (assim como Biglia), Mascherano bate mais que bartender (pois é...). Pode falar o que quiser, mas foram esses caras que seguraram as pontas enquanto o setor ofensivo teve dificuldades. Romero salvou contra Irã, Suíça, Bélgica e foi o principal nome da vitória nos pênaltis sobre a Holanda. Zabaleta, Garay, Demichelis e Rojo, por mais limitados que sejam, mostraram muita raça e ajudaram Romero. Biglia substituiu Gago durante a competição e foi muito importante na cobertura defensiva. Mascherano foi primordial na equipe, não só pelos desarmes que fez, como também na liderança que possui.
Que Copa do Mascherano, hein?
Chegou a hora de Messi levar a Argentina ao título
 Para a final, a Argentina vai com a defesa com a moral alta, Higuaín jogando bem, porém com Agüero ainda sentindo a lesão e di María possivelmente fora. O grande nome da seleção terá que aparecer. Messi esteve apagado contra a Holanda, teve tempo pra descansar em  campo, deve agora na decisão chamar a responsabilidade, já que ele é o único 4 vezes eleito melhor do Mundo que estará em campo no Maracanã.
                

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